Buriticupu sob Investigação: O Mistério dos R$ 25 Milhões e o Colapso da Saúde Pública

Buriticupu, MA – Uma série de investigações conduzidas pelo Ministério Público do Maranhão (MPMA) colocou a administração municipal de Buriticupu no centro de um escândalo que mistura opacidade financeira, possíveis informações falsas em portais oficiais e uma crise humanitária na saúde pública.

A “Fantasia” da Transparência: R$ 25 Milhões Invisíveis

O ponto mais crítico da investigação reside numa discrepância alarmante nos cofres públicos. Segundo o MPMA, o Portal da Transparência do município declarava oficialmente a inexistência de funcionários terceirizados. No entanto, a realidade contabilística revelou um cenário oposto: o repasse de mais de R$ 25.000.000,00 (vinte e cinco milhões de reais) para o Instituto Multidisciplinar de Interação Social (IMIS) e para o Instituto Alvorecer.

Para o Ministério Público, a conduta da Controladoria-Geral do Município configura a inserção de “informação materialmente falsa”. A Justiça foi acionada através de uma Ação Civil Pública para obrigar a prefeitura a dar transparência imediata à execução financeira e aos contratos de prestação de serviços.

Crise na Saúde: Demissões Verbais e Postos Fechados

Enquanto milhões circulavam em contratos ocultos, a população de Buriticupu passou a enfrentar o abandono no atendimento básico. Em 12 de dezembro de 2025, o município foi palco de uma rescisão em massa de profissionais da saúde. Relatos apontam que as demissões ocorreram de forma verbal, ignorando contratos vigentes e a legislação laboral.

O impacto foi imediato:

  • Fechamento total: A Unidade Básica de Saúde (UBS) do Povoado Quarta Vicinal completou um ano de portas fechadas.

  • Atendimento precário: Diversas outras unidades funcionam sem o quadro mínimo de profissionais, comprometendo a vida de centenas de famílias.

O MPMA instaurou um Inquérito Civil para apurar a precarização dos vínculos de trabalho, especialmente através de entidades como a IASPH, e exige um plano de contratação que respeite a continuidade do serviço público essencial.

O Outro Lado

A matéria jornalística permanece aberta para o posicionamento oficial da Prefeitura de Buriticupu e das entidades citadas (IMIS, Alvorecer e IASPH). Até o fecho desta edição, não houve resposta formal sobre as acusações de falsidade ideológica no Portal da Transparência ou sobre o plano de reabertura das unidades de saúde.

Próximos Passos

O Ministério Público solicita que a administração regularize os dados em até 30 dias, sob pena de multas severas e novas ações por improbidade administrativa contra os gestores responsáveis. Para os moradores de Buriticupu, resta a esperança de que o dinheiro público, agora sob lupa, retorne em forma de médicos e medicamentos nas unidades de saúde.


Documento de referência: Diário Eletrônico do Ministério Público do Maranhão, Edição nº 249/2025, disponibilizado em 29/12/2025.